Resenha: Mitos e Lendas do Brasil - Em Cordel, de Nireuda Longobardi
Não sei se isso é comum para você, mas eu sou nordestina, de família humilde que veio do interior, e sempre fui cercada por histórias de “malassombros” e criaturas fantásticas. Minha mãe, tias, avós, sempre gostaram de contar histórias e eu cresci adorando esse universo. Por isso folhear o livro da Nireuda foi mais que uma simples leitura, foi uma visita ao passado.
SINOPSE: O Brasil é riquíssimo em histórias e lendas. Trata-se de feitos que nascem do povo e que, geralmente, vêm em resposta a um contexto histórico-social pleno de questões de cunho moral. As mesmas histórias se espalham por diferentes estados do país, e com isso misturam-se a novos elementos. O cordel também é uma manifestação de nossa cultura. Sendo mais difundido nos estados do nordeste brasileiro, essa forma de expressão vem ganhando força e valorização em nossa literatura. A união desses dois elementos numa mesma obra retrata, de forma pedagógica, a beleza da cultura popular brasileira.
Sempre sinto falta de livros que enalteçam a cultura brasileira, e Nireuda faz isso brilhantemente nesse livro. O texto é todo em cordel e as ilustrações foram feitas com a técnica de xilogravura, que é o tipo de ilustração usada nos cordéis.
Não tenho o livro em mãos no momento, por isso não sei dizer quantas lendas/mitos o livro contém, mas são muitos. Os mais famosos estão nele, como a Mula Sem Cabeça, Caipora, Boitatá, a lenda do Guaraná, da Mandioca... Cada um ocupa duas páginas, sendo uma para o texto e outra para a ilustração.
Preciso confessar que não gosto muito de cordel. Sempre achei uma leitura um pouco chata, com rimas simples, mas lendo o livro da Nireuda eu comecei a pensar que talvez eu tenha lido os cordéis errados, ou li de forma errada, porque adorei os textos dela nesse formato.
Além de nos apresentar mitos e lendas com ilustrações lindas, no finalzinho do livro ela ainda explica sobre cordel e xilogravura. Dá para entender a construção da estrutura do texto, as rimas, a técnica para fazer xilogravura, e fazer o seu próprio cordel. Achei muito bom esse incentivo, porque o cordel é uma literatura pouquíssimo explorada.
Terminei essa leitura com o coração quentinho, como se ainda fosse criança e estivesse em uma roda de conversa com as minhas contadoras de histórias favoritas. Recomendo muito o livro, e recomendo também que se crie o habito de contar histórias, porque é algo que aproxima e permanece na memória pelo resto da vida.
Conheça mais do trabalho da Nireuda Longobardi AQUI.
Obs.: As fotos desse post são de autoria de Lene Colaço. É permitido compartilhar, desde que as imagens não sejam editadas e dê os devidos créditos.