Cinema: Um Lugar Silencioso

Assisti Um Lugar Silencioso dia 08 e fiquei dez dias pensando sobre como iria falar (confesso que também demorei porque esqueci). Foi um filme que me dividiu, porque há muito tempo um filme não me deixava tão apreensiva e surpresa, mas também há muito tempo eu não saia do cinema tão revoltada. Deixei minha revolta passar para escrever algo menos emocional, mas só de relembrar já fico revoltada de novo. 

Se você já assistiu e amou, como todos os meus amigos, não fica com raiva. Se você ainda não assistiu, mas até agora só leu boas críticas, vem cá ler um negócio desanimador. 


Em uma fazenda dos Estados Unidos, uma família tenta sobreviver à perseguição de criaturas que são atraídas pelo som. Além de lidar com o perigo, eles também lidam com conflitos familiares, com sentimento de culpa, e com o novo desafio de receber um bebê nesse cenário de absoluto silêncio. 

O filme começa de forma bem calma com a família no meio de uma cidade abandonada, em um clima pós apocalíptico. Não há explicações para eles estarem naquelas condições. A família Abbott, composta por Lee (pai), Evelyn (mãe), Regan, Marcus e Beau (filhos), criou estratégias e fez adaptações na casa e nos caminhos percorridos, além de usar a língua dos sinais, para tentar viver nesse novo mundo silencioso. A trama vai se desenrolando e vamos obtendo informações através de recortes de jornais. Em 2020 o planeta foi invadido por criaturas cegas, mas com uma audição bem sensível, e usam esse sentido para caçar suas presas. 

Antes de falar de todo o terror/suspense, preciso dizer que achei o filme muito sensível. Mais da metade do filme é sem diálogos, que não fazem falta nenhuma. As expressões de cada um dão conta de passar toda angústia, medo e tristeza. Tem uma carga grande de sentimentos. 

A falta de diálogos também é responsável por causar toda a tensão. É impressionante como o silencio pode ser mais assustador que um grito. As cenas de Evelyn sentindo dores, prestes a dar a luz, e tendo que ficar em total silêncio, são de arrancar os cabelos. Quando há som, são explorados de forma muito precisa e emocionante, como ouvir o coração do bebê com um estetoscópio, ou ter um momento romântico com uma música no fone de ouvido. 

É um filme diferente de tudo que já vi, com um roteiro incrível e atuações impecáveis. E é aí que entra a minha revolta, porque um filme tão bom teve um final tão blé. Não vou dar spoiler, mas vou tentar explicar o que eu entendi: 

Toda a terra foi devastada por essas criaturas. Estamos falando de um planeta. Um planeta foi devastado por criaturas que são atraídas pelo som, e ninguém, nenhum governo, nenhum cientista, conseguiu combatê-las. O filme nos vende a ideia de que as criaturas são indestrutíveis, de que não há nada que possa ser feito, só ficar em silêncio e tentar sobreviver. E no final, há sim uma arma contra as criaturas, uma arma bem plausível, e que qualquer cientista poderia ter pensado. 

Achei o final preguiçoso e incoerente com toda a atmosfera que o filme criou. O take final, no estilo Rambo, foi muito “tá, já vi isso”. Por isso minha decepção. Não com o filme de uma forma geral, que achei excelente, mas os últimos cinco minutos estragaram toda a ideia criada.

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